quinta-feira, 7 de julho de 2016

As Primeiras Suspeitas

Quando a minha ficha caiu sobre a possibilidade do Igor ter autismo, eu comecei a revirar o meu cérebro inúmeras vezes para tentar entender em que ponto de sua vida as coisas mudaram. Será que ele já nasceu assim? Será que foi com o nascimento da irmãzinha Milena? Será que foi a despedida da minha mãe, depois de ter ficado 3 meses cuidando dele? O fato é que alguma coisa aconteceu! O Igor sempre foi uma criança muito carinhosa. Eu pedia abraço, ele vinha e abraçava. Tinha muito contato ocular e sempre foi um menino saudável. Nasceu com quase 4 kg e só foi ter sua primeira febre depois de 1 ano. Mudamos para Saint Louis no final de setembro de 2015. A primeira suspeita foi no final de novembro do mesmo ano, quando eu cheguei do hospital, depois de ter ganhado a Milena, e chamei o Igor pelo seu nome e ele não olhou. Nessa época ele tinha 20 meses. No momento pensei que foi apenas distração de criança, mas no fundo ele já estava diferente. Estava mais distante de mim, porém chorava pelas madrugadas com ciúmes da irmã. Eu tentava confortá-lo, mas ao mesmo tempo tinha que cuidar de um bebê recém-nascido. Eu chorava com todos aqueles hormônios pós-parto. Eu nem sabia explicar direito o que eu sentia. Foi só em abril de 2016 que a ficha caiu! Igor já tinha 2 anos e 1 mês e viajamos para visitar os primos do Igor. Estava empolgada para vê-los brincar juntos, mas infelizmente não foi bem assim. Igor não se interagia, por mais que o primo tentasse, ele não queria. Vários sintomas que comecei a ler na internet começaram a bater:

  • Prefere ficar sozinho
  • Não faz amigos
  • Agita as mãos quando está feliz
  • Cobre os ouvidos com as mãos
  • Baixa capacidade de atenção
  • Hiperativo
  • Pouco contato ocular
  • Não atende quando é chamado
  • Não segue ninguém, nem mesmo a mim
  • Atraso na fala
  • Alinhava objetos
  • Outros
Eu não queria nem acreditar, e não conseguia nem sequer pronunciar a palavra direito: autismo. Mil pensamentos vinham à minha mente que eu não conseguia nem processar direito. E agora? O que fazer? Tem cura? Ele vai ser feliz? Como posso ajudá-lo?
A viagem de carro de volta para casa durou 20 horas. 10 horas num dia e 10 horas no outro dia. Durante todo esse tempo, eu ficava pesquisando com meu celular e chorando. Olhava para o Igor no banco de trás, chamava-o e nada. Às vezes ele me olhava, mas era um olhar diferente. Um olhar que não olha. Um vazio. Eu comecei a ficar com medo e precisava de ajuda. Parecia que eu tinha perdido o meu filho, e agora teria outra criança desconhecida para cuidar. Entrei de luto.

Igor com 2 anos e 1 mês.





English Version:
When I realized Igor could have autism, I started to search in my memories to understand which point of his life things changed. Was he born like that? Did it start with Milena's birth? Was it my mom's farewell, after 3 months taking care of him? The fact is something happened! Igor was always an affectionate child. I would ask for a hug and he would give it. He had lots of eye contact and was a healthy boy. He was born with almost 4 kg and his first fever happened after 1 year old. We moved to Saint Louis in the end of September of 2015. My first suspicious happened in the end of November, of the same year, when I arrived from the hospital, after giving birth to Milena, and I called him by his name and he didn't respond. At that time, he was 20 months. At that moment, I thought it was just a distraction, but deep down something was already different. He was distant from me, but crying out loud in the middle of night showing jealousy of his sister. I tried to comfort him, but at the same time I had a newborn to take care of. I was crying a lot with all those postpartum hormones. I could not explain exactly what I was feeling. It was only in April 2016 that I finally realized he has autism. Igor was 2 years and 1 month old and we traveled to visit Igor's cousins in Texas. I was excited to see them playing together but unfortunately it didn't happen in this way. Igor could not interact, even though his cousin was trying really hard. Many symptoms that I was reading online was matching ones of Igor:
  • Prefer to stay alone
  • Cannot make friends
  • Hand flapping when excited
  • Covering his ears
  • Deficit of attention
  • Hyperactive
  • Poor eye contact
  • Does not respond when called
  • Does not follow anyone, not even me
  • Speech delay
  • Aligning objects
  • Others
I could not believe this could be happening and I could not even pronounce the word straight: autism. A thousand thoughts came to my mind and I could not process them. How about now? What am I to do? Does it have a cure? Is he going to be happy? How can I help him?
The car trip back home took 20 hours. 10 hours one day and 10 more hours the following day. During all this time, I was researching with my cell phone and crying. I looked at Igor in the back seat, called him and saw no response. Sometimes he would look at me, but it was different look. A look without seeing. An empty look. I started to feel scared and I needed help. It seemed to me that I lost my son and now I have a strange child to take care of. I was mourning my Igor.

15 comentários:

  1. paolla que legal vc se abrir com a gente nesse momento tao dificil!
    continue com o blog

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    1. Obrigada, Danielle! Acho que o compartilhamento de informações vai ser muito bom!

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  2. Continue com fe Paolla que vc vai cura-lo!!! Acredite, acredite sempre... Bjs

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    1. Obrigada, Camila! Eu acredito nisso sim!!! :) Bjos!

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  3. Que ótima iniciativa Paolla. Parabéns!

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  4. Isso aí Paolla!!! Experiências comuns e informações são ajudas fundamentais!!! Fique firme!! Jesus abençoe vocês!!!

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  5. No terceiro grupo, estão os portadores da Síndrome de Asperger, que apresentam as mesmas dificuldades dos outros, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. Vi na televisão uma criança portadora dessa síndrome que costuma ser apresentada como uma das maiores autoridades mundiais em animais pré-históricos. O garoto sabe tudo sobre dinossauros. De onde vieram, o tipo de DNA, o que comiam, onde viveram. Entretanto, se lhe fizermos uma pergunta simples – Quantas pessoas vivem na sua casa? -, ele se comporta como se estivéssemos falando grego.

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    1. Parece que há um bloqueio na cabeça na parte de comunicação que faz com que a outra área da cabeça se intensifica e eles começam a ver as coisas de formas diferentes.

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  6. Seguindo.... Deus abençoe vocês!

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  7. Flor... Muita luz nessa linda jornada! Emocionada aqui. Sinta o meu grande e forte abraço em vc e nos pequenos. Bjs... #comvcemcoraçãoepensamentosempre

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  8. você tem insta???sunto suas palavras as minhas

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